Coro bem intencionado
Casamento da Francisca e do Francisco na Nazaré
04.04.2025
04.04.2025
Já sabem que adoro colecionar casamentos que aconteceram no mesmo dia que o meu, juntando-se agora a Francisca e o Francisco à lista: Mariana e Alê, Madalena e Afonso e Teresa e Rodrigo.
Num casamento adiado pela pandemia, a Francisca e o Francisco encontraram-se onde menos esperavam: no improviso de um "coro bem intencionado" formado por amigos desses noivos. Ela é de Coimbra e ele de Lisboa. Com poucos amigos em comum, a probabilidade de se cruzarem era mínima, quanto mais de trocarem palavras. Mas o destino - e um casal de amigos que se viu obrigado a reduzir o número de convidados - colocou-os lado a lado num momento que, sem grandes ensaios, acabou por dar o tom para o início da sua própria história.
Para esta noiva, a Susana Agostinho foi uma escolha natural. A Francisca confidenciou-me que sempre admirou a forma como os vestidos da Susana conseguem captar a essência de quem os usa.
Segundo me contou, desde a primeira prova, a Susana leu-a como se a conhecesse há anos, captando cada detalhe, cada expressão partilhada com a mãe, tias e madrinhas. O vestido foi tomando forma aos poucos, num processo que se tornou um verdadeiro ritual entre todas e que deixa saudades. Ainda que a peça final só tenha surgido nas últimas provas, a construção, peça a peça, foi tão especial quanto o resultado.
Por já ter um par de sapatos da Zillian que gostava e considerava confortáveis, a noiva comprou uma nova cor do mesmo modelo para usar com o seu vestido.
Os brincos que a Francisca usou no casamento carregavam consigo gerações de histórias. Foram da sua bisavó, passaram para a avó e, depois, para uma tia. As primas que já casaram também os usaram, transformando-os numa tradição de família que mantém presente quem já não pode estar.
Para contrastar com o vestido branco, a Francisca fazia questão de que o ramo fosse um elemento vibrante e alegre. Não teve dúvidas quanto a quem confiar essa missão: a sua amiga Inês, da Anémona Flower Design. Quando lhe mostrou referências do que gostava, a resposta da Inês confirmou que tinha feito a escolha certa: "Não vou imitar nenhum destes, porque, tal como tudo no casamento deve ser único e vosso, o bouquet também não deve ser uma cópia, mas sim algo especial." E assim foi. Criado com flores preservadas, ainda hoje alegra a entrada da casa da Francisca e do Francisco, trazendo memórias de um dia inesquecível.
A noiva, arquiteta e com um olhar apurado para o design, tratou de todo o estacionário, contando com a ajuda de uma amiga e madrinha, que desenhou os marcadores das mesas. Estes acabaram por servir de base para o layout dos menus. Entre muitos serões dedicados a afinar detalhes, cada elemento foi sendo criado e impresso, tornando o resultado final ainda mais pessoal, por ser criado entre amigos.
Para a maquilhagem, a Francisca escolheu a Marlene Roseiro, uma profissional que recomenda sem hesitar, uma vez que sentiu que, para além de realçar a beleza de forma natural, a maquilhagem manteve-se impecável ao longo de todo o dia.
Já o cabelo ficou a cargo do MyTime, o cabeleireiro da mãe de uma das madrinhas, que já tinha penteado a Francisca para outros casamentos, o que deu mais confiança na tomada de decisão.
O anel de noivado foi comprado na Maison Simão.
A escolha da igreja foi uma verdadeira aventura. Começaram por “percorrer as capelinhas” nas proximidades do local da festa, mas nenhuma parecia corresponder às expectativas. Algumas eram pequenas e exigiam arranjar cadeiras, outras difíceis de estacionar, ou sem qualquer encanto. Já perto da hora de almoço, decidiram tentar a sorte e ligaram para o Mosteiro de Nossa Senhora de Coz. Por acaso, a senhora responsável pela manutenção estava lá e podia esperar dez minutos por eles. Quando chegaram, foi amor à primeira vista. A igreja, com o seu contraste entre a fachada exterior, mais desgastada, e o interior arranjadinho, conquistou-os de imediato.
Para as alianças, optaram por um workshop no Centro de Joalharia de Lisboa, seguindo a recomendação de amigos - "Levámos ouro de coisas que não usávamos e fizemos todo o processo, desde a fundição do ouro, até ao polimento final. Um programa diferente e divertido no meio do processo do casamento, achamos que vale a pena."
"Temos a sorte de ter amigos muito talentosos e por isso com o coro não tivemos que nos preocupar. Foram vários amigos que, com capacidades musicais incríveis, tornaram a missa ainda mais especial. Várias vozes e guitarras tornaram a missa muito bonita e espetacular, muitas pessoas nem acreditavam que não eram um coro profissional."
Depois da missa, os noivos seguiram diretamente para a Quinta e posicionaram-se ao fundo da adega, recebendo cada pessoa à chegada. Assim, além de aproveitarem um espaço bonito que, de outra forma, não seria utilizado, conseguiram conversar com todos, sem pressas, o que lhes permitiu desfrutar do cocktail sem a preocupação de não terem estado com alguém.
Entre Coimbra e Lisboa, a busca pelo local certo levou-os à Quinta do Campo, na Nazaré. Para além da imponência histórica e da versatilidade dos espaços, o facto de funcionar como turismo rural permitiu que família e padrinhos ficassem alojados.
"Também já recebemos comentários bons e maus sobre o "bolo". Em vez de fazermos o tradicional bolo dos noivos, fizemos ovos moles de Aveiro [da Maria da Apresentação da Cruz], o nosso doce preferido. As pessoas que falam bem foi porque adoraram, as que falam mal foi porque só comeram um."
A festa foi pensada para ser animada do início ao fim, sem perder intensidade. Para isso, decidiram não a prolongar demasiado, terminando às 3h, garantindo que todos se despediam ainda com energia. A música ficou a cargo do António Cid.
Por considerarem um dos melhores fotógrafos da área, elegeram o Afonso Moreira Pires. Quanto ao videógrafo, por terem ficado satisfeitos com o vídeo de alguns amigos, escolheram o Ivan Vicente.
"Há alturas em que parece tudo importante e essencial. Todas as opções de materiais, extras disto e daquilo parecem fulcrais para o dia, mas no processo é preciso parar e olhar para o essencial e porque é que estamos a casar, e quando se foca nisso os aparentes problemas e coisas dramáticas não passam de coisas menores. E com a dimensão que a palavra casamento e respetiva organização hoje em dia tem, torna difícil focar no que realmente importa."
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