Se Macau fosse um vestido
Casamento da Carolina e do Duarte em Cascais
10.04.2025
10.04.2025
Desde que o Duarte saiu do colégio onde estudou a partir dos 10 anos que as visitas ao local são frequentes, apesar de viver em Londres. Quando o viam, alguns professores pediam-lhe que fosse às salas de aula falar com os alunos sobre o seu tempo de escola e sobre a vida profissional além-fronteiras. Numa dessas visitas, quando chegou à sala das Artes, estava a professora Carolina, com quem veio a casar depois de, curiosamente, anos mais tarde, a pedir em casamento nesta mesma sala de aula.
"Comecei a desenhar o meu próprio vestido de noiva, através do qual quis homenagear a minha primeira casa: Macau. Queria um vestido depurado mas cheio de significado pessoal: imaginava um tecido asiático como o mikado; desenhei um decote halter com uma gola chinesa e botões chineses; imaginei uma saia a direito e a mostrar um pouco dos sapatos, tal como as cabaias (cheongsam) chinesas."
"Escolhi a Susana Agostinho para poder concretizar o meu vestido pois sentia que a Susana, para além da sua mestria, seria atenta à minha identidade. Cada vestido da Susana é único e espelha a personalidade de cada noiva. Estava um pouco nervosa a mostrar-lhe os desenhos pois não sabia como uma verdadeira designer reagiria a ver um desenho feito por mim, mas a Susana adorou! Para ela, era especial usar o desenho de uma noiva e, logo na primeira prova, já tinha o molde feito!"
Escolheram um tecido duro de mikado pérola que a Susana tinha no atelier e os botões vieram diretamente de Macau/Hong Kong, trazidos pela noiva.
Numa das provas, a estilista surpreendeu a noiva com uma seda chinesa shantung bordada com flores. Apesar de considerar muito bonito, a Carolina rejeitou a ideia num primeiro momento, até que a Susana simulou uma cauda e a noiva ficou rendida! Mais tarde, veio a perceber que as flores do vestido eram iguais às flores de cerejeira que a própria tinha desenhado em todo o estacionário.
Após hesitar um pouco sobre a hipótese de se maquilhar sozinha, uma vez que adora maquilhagem, a Carolina acabou por atribuir esta tarefa à Rita Correia, que apostou nuns olhos em tons bordô e roxo. Quanto ao cabelo, a Gorete - a sua cabeleireira de sempre - fez um penteado inspirado num nó japonês.
Os sapatos foram feitos pelo Rui Branco e o leque, com flores bordadas a fazer ponte com a cauda do vestido, pela Caeytana.
O ramo, composto por jarros brancos, foi feito por uma amiga de longa data, a Catarina Sampaio Soares.
Os brincos, já antigos, foram desenhados pela sua mãe em Macau, com pérolas chinesas - "Muito especial!"
A missa foi na Igreja de Nossa Senhora da Assunção, em Cascais, de onde é a família do noivo.
O Duarte teve direito a utilizar dois fatos no grande dia: um fraque que alugou para a cerimónia e um fato de linho bege, mais descontraído, para a noite.
Os noivos convidaram o Gospel Collective para acompanharem a cerimónia.
Da igreja para a Estufa - um espaço exclusivo da Tazte -, onde foi o copo-d'água, em Monsanto, os noivos foram num Morgan, "muito generosamente, emprestado por um amigo do Duarte e era o mesmo modelo que o seu pai tinha quando era vivo."
"Conhecemos este espaço num casamento de uma amiga e ficámos encantados com esta estufa, moderna e transparente, perdida no meio da floresta em Monsanto."
Todo o estacionário, pensado ao mais pequeno pormenor, foi desenhado pela própria noiva, a Carolina Branco, que é designer e ilustradora de profissão. Para vos explicar todos os detalhes ocultos, cito uma publicação de instagram da própria:
Praia do Guincho em Cascais, o local preferido de Duarte
Mel, o cachorro querido da Carolina
Azeitonas, como representação de Portugal
Rosa Tudor, símbolo de Inglaterra, onde moramos
Desenho de linha clássico em estilo Arts and Crafts, representando Inglaterra
Jarra de Gengibre Chinês, símbolo de Macau
Nuvem da Mulan, representando a China e o gosto da Carolina em desenhar (referência à introdução do filme de Mulan)
Tangerina, borboletas e flores de cerejeira, representando a China
Primeiro logótipo do Colégio do Amor de Deus (um coração e uma cruz), o local onde nos conhecemos e onde o Duarte fez o pedido de casamento
Os dois anjos querubins com um Santini, o nosso gelado e sobremesa preferido
A pena de Forrest Gump, um dos nossos filmes favoritos com o nosso ator favorito Tom Hanks
Teatro, uma das nossas paixões e passatempos em Londres
Jazz, representando os pais do Duarte e o nosso amor pela música
Corais, representando o mar.
O catering foi servido pela Tazte, a decoração foi pensada pela noiva e pela Beatriz da Tazte, que também ajudou na organização do dia, juntamente com a colega Isabel e, por último, as flores foram responsabilidade da Graça O'Neill, com quem a noiva partilhou várias conversas sobre a paixão pelos jardins ingleses, o que resultou em arranjos em tons de verde e branco.
A primeira dança foi cantada pela cantora de jazz Maria Viana, que é mãe do Duarte e interpretou uma das suas músicas preferidas, "Moon River", acompanhada por George Esteves no piano e Desidério Lázaro no saxofone. Mais tarde, a festa seguiu pela mão do António Cid.
As fotografias ficaram a cargo do Hugo Vidal, que também registou o dia da Beatriz e do Diogo, e da Teresa Freitas, a melhor amiga de infância da noiva. Quanto ao vídeo, elegeram o Martim Braz Teixeira, que aceitou o desafio de criar um vídeo não convencional "como se fosse uma memória, um sonho".
Este casamento foi uma fusão perfeita de culturas e memórias, com cada detalhe cuidadosamente escolhido para refletir a história da Carolina e do Duarte. O vestido, inspirado em Macau, as flores, a decoração e até o estacionário, tudo contou um pedaço da sua história. Com um toque pessoal e significativo em cada escolha, este dia foi uma celebração memorável.
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