Um bolo inacabado - Parte I
Casamento da Vera e do Pedro em Grândola
21.03.2024
21.03.2024
Esta é a história de um bolo que foi apresentado inacabado aos convidados. Esta é, também, a história de uns noivos descontraídos que procuraram criar as suas próprias tradições. Esta é, ainda, a história de uma noiva que escreveu com tanto carinho e entusiasmo sobre o seu casamento que me fez dividir este artigo em duas partes.
Há 14 anos, a Vera e o Pedro conheceram-se entre amigos e reencontraram-se meses mais tarde, numa noite em que conversaram durante horas - “uma conversa a dois que dura até hoje e queremos que nunca acabe!”. Vivem Lisboa - os seus museus, os seus jardins, as suas festas e os seus jantares – e era aqui que queriam casar, num ambiente descontraído na Feira da Ladra ou nos Jardins do Museu de Arte Antiga, mas a pandemia trocou-lhes as voltas e, com a premissa de casar num local com memórias afetivas e ambiente descontraído, optaram por levar o ambiente de Lisboa para as Casas no Pinhal – um turismo em Grândola onde tinham criado boas memórias com amigos no verão anterior.
A Vera confiou na Maria Trigo da Roza - criadora da marca portuguesa Wheat & Rose - para desenhar o seu vestido, num processo que envolveu também a Carolina - irmã e madrinha da noiva que sempre a acompanhou pelo seu sentido criativo.
De uma primeira conversa sobre inspirações, modelos e tecidos, surgiu “um pequeno livro com vários esquissos da Maria com diversas propostas" que refletiam o desejo da Vera de levar uma peça de inspiração japonesa que se fosse desconstruindo ao longo do dia.
Quanto aos acessórios, optou por um conjunto de brincos da Arcane, desenhados pela Inês Morais: “Escolhi usar o modelo Coral: três brincos de um lado de tamanhos diferentes e um maior do outro”. Além do anel de noivado, a Vera levou, no pulso, uma pulseira que nunca tira e no pescoço um fio com uma libra, ambos oferecidos pelos avós quando completou 18 anos.
O cabelo e a maquilhagem ficaram a cargo da equipa da Le Haute Beauty. A Petra tratou do cabelo e a Raquel Estevens da maquilhagem. “Acertaram em cheio e trouxeram consigo uma constante alegria e boa disposição para aquele momento de partilha com as madrinhas.”
“O Bouquet de flores era um conjunto de papoilas secas fornecido pela Catarina Sampaio Soares e construído no dia por mim com a ajuda da minha irmã e da minha prima Rosarinho, também madrinha.”
Assim como o Francisco, o Rui e o Leo – cujas histórias já vos contei – e alinhado com a ideia de manter a celebração descontraída, o Pedro visitou o Alphaiate para fazer o seu fato à medida para usar sem gravata, mas com uns suspensórios sobre a camisa e um lenço no bolso do casaco. Na lapela, levou um conjunto de flores secas com espigas e flores, que também foram usadas pelos padrinhos, feitas pelo atelier da Catarina Sampaio Soares. Os sapatos eram da Citadin Shoes, o relógio foi oferecido pelos padrinhos e os botões de punha pela Vera. “Os Padrinhos também acabaram por levar fatos em linho sem gravata de diferentes cores, que combinavam com todo ambiente e cores da herdade.”
Por ser perto da Herdade e pelo desenho da capela que se abria para um bonito pátio exterior, escolheram casar na Capela de Nossa Senhora da Saúde no centro da Vila da Comporta, numa cerimónia presidida pelo Frei José Nunes “com um dom da palavra excepcional e um discurso coerente com os dias de hoje”.
A Vera entrou na Igreja, acompanhada pelo pai, com "O Verdadeiro Amor” de Luísa Sobral – com a letra adaptada, cantada pelo coro Mico Artistas – e saiu de mão dada com o Pedro ao som de “Let it Be”, dos Beatles.
“No início entrei na Capela com as flores na saia e aplicadas nos botões da parte de cima do vestido, bem como umas mangas fluídas amovíveis num tecido plissado transparente, que dava mais expressão a todo o conjunto e remetia mais uma vez para um corte oriental.”
“Era importante sentirmos presentes as pessoas que não conseguiram estar connosco nesse dia e trazê-las em pequenos gestos, como por exemplo, cada uma das nossas alianças estava pousada numa prata que pertence a um dos meus avós de partes diferentes.”
As roupas dos pequenos são da Nós e Tranças.
As fotografias, analógicas e digitais, foram tiradas pela Maria Martins, cujo trabalho inspirou a Vera e o Pedro neste processo, e o vídeo ficou a cargo da Bokeh.
Por agora, este artigo fica como o bolo: inacabado.
Continua na Parte II.
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