Oficialmente, a Benedita e o Fernão conheceram-se na baixa do Porto, mas a verdade é que já se tinham cruzado há mais de 10 anos, quando a Benedita e o irmão organizaram uma festa e o Fernão apareceu, levado por um amigo. Curiosamente, essa festa foi na casa dos avós, o mesmo cenário que estes noivos elegeram para o casamento.

A maquilhagem da noiva ficou a cargo da Bekas Makeup e o cabelo da Sara Pereira.

Desde pequena que a Benedita sonhava casar com o vestido de noiva da mãe, um modelo inspirado no filme "Gone with the Wind", mais precisamente num vestido preto usado por Vivien Leigh. A ideia sempre foi mantê-lo, mas com algumas alterações: sem mangas, com menos volume na saia, e com decote em V nas costas, além do decote original à frente. Como vivia em São Paulo, escolheu uma costureira experiente em Portugal que lhe permitisse avançar muito nas poucas visitas que fazia ao nosso país.

O maior desafio foi encontrar tecido idêntico à seda selvagem do vestido original, ligeiramente escurecido com o tempo. Depois de muitas tentativas, foi a mãe que acabou por descobrir, numa loja em Vigo, um resto de seda esquecida que coincidia exatamente na cor. Contra todas as expectativas, foi possível dar uma nova vida ao vestido, sem lhe tirar o que o tornava especial.

O anel de noivado da Benedita foi feito pela marca de joias da sogra, a Pia Delerue Création, o que tornou o processo mais simples para o Fernão. Contar com a mãe na criação da peça ajudou a dar-lhe um valor ainda mais pessoal. As alianças também vieram da mesma marca, feitas com libras de ouro da noiva.

A Benedita levou uns brincos que tinham um significado especial: foram oferecidos pela mãe e eram os mesmos que ela própria tinha usado no seu casamento. No cabelo, prendeu um gancho também criado pela Pia Delerue Création. Como calçado, elegeu uns sapatos da Sézane, em verniz branco cru, fechados e com um salto discreto.

O ramo da Benedita teve uma história inesperada. A ideia inicial era usar gladíolos roxos e compridos, como os que tinha visto junto à quinta dos avós, mas a época não era a ideal e o preço tornava a escolha pouco viável. Optou então por peónias brancas, as mesmas que a mãe levou no seu casamento, e chegou a planear fazê-lo em casa com a ajuda do fornecedor de flores. No entanto, no dia, as peónias não estavam abertas e pareciam tristes. Foi assim que a Benedita ativou o plano C e compôs um ramo com gerberas brancas tiradas dos centros de mesa. No final, acabou por resultar melhor do que imaginava e, como me confidenciou a noiva, fez ainda mais sentido com o ambiente do dia.

O Fernão casou num fato feito à medida pela Crialme, a seguir o dress code definido para os homens: fato sem gravata. O resultado foi leve e descontraído, com convidados a surgirem em tons variados do bege ao castanho, do azul claro ao verde. Os sapatos, oferecidos pelos padrinhos, completaram o conjunto, tal como os botões de punho feitos pela marca da mãe.

A ideia de fazer a cerimónia religiosa na capela ao lado da casa dos avós sempre pareceu natural à Benedita, até porque muitos dos primos foram lá batizados. Embora a quinta não receba eventos externos, já tinha sido palco de outras celebrações familiares, incluindo os casamentos dos irmãos. Por isso, a logística acrescida de organizar tudo num espaço que não está pensado para casamentos não foi surpresa. E acabou por ser um projeto vivido em conjunto, com a família de ambos a envolverem-se em tudo, do início ao fim.

A música da cerimónia ficou a cargo da Klara Rodrigues, uma cantora brasileira que a noiva descobriu nas redes sociais e cuja presença fez todo o sentido. Como o casal viveu em São Paulo e tem uma ligação especial ao Brasil, quiseram que essa parte da história estivesse presente na cerimónia religiosa. O repertório incluiu temas de Chico César, Djavan, Toquinho, Gilberto Gil e Rita Lee, interpretados durante a missa na pequena capela. Como o espaço não permitia acolher todos, os noivos e o padre ficaram à entrada, a família sentou-se no interior e os restantes convidados acompanharam tudo do exterior.

Para o cocktail, acompanhado pelo grupo de samba Angelo B, escolheram a zona da piscina, um espaço que ainda não tinha sido usado nos casamentos anteriores. Montaram um pequeno palco para a atuação da banda e fizeram algumas adaptações ao espaço, garantindo que tiravam o melhor partido do lugar e garantindo que aproveitavam praticamente todas as áreas da casa onde a noiva cresceu.

O estacionário do casamento foi um trabalho conjunto entre duas pessoas próximas da família: a madrinha da Benedita, Inês Queiroga, e uma amiga dos pais, Sofia Archer. A Inês ficou responsável pelo logótipo e pelos nomes das mesas inspirados em personagens de séries de comédia como "Friends", "The Office" e "Seinfeld", enquanto a Sofia tratou dos convites e de toda a parte de impressão, incluindo a organização dos nomes nas mesas, colocados na zona do cocktail.

A decoração do casamento foi um projeto de família, idealizado pela Benedita com a ajuda dos pais e dos sogros. Foi uma das partes que mais prazer lhe deu organizar, não só pelo resultado, mas pelos momentos que proporcionou. As toalhas com bordados de Viana pertenciam aos avós e já tinham marcado presença em outros eventos importantes da família. Os bares foram construídos pelo pai e pelo irmão da noiva, com a colaboração de todos na pintura, e os centros de mesa foram feitos pela noiva, que passou vários dias a preparar as velas. 

Como lembrança, a mãe do noivo criou argolas para os guardanapos com o logótipo e a data do casamento, pensadas para poderem ser reutilizadas como pulseiras ou colares e muitos convidados acabaram por usá-las ainda durante o jantar.

O momento do bolo foi reservado para a meia-noite, coincidindo com o 30.º aniversário do Fernão. Os noivos optaram por juntar as celebrações num só momento. Em vez de um bolo clássico, serviram miniaturas de brownies e copinhos de amarguinha.

Para a segunda parte da festa, a Benedita escolheu um slip dress com um decote mais aberto nas costas, uma opção leve e descontraída, pensada para contrastar com o vestido principal e permitir-lhe dançar à vontade até ao fim da noite. Trocou também os sapatos por uns rasos da Sveti Stefan.

Os noivos elegeram o DJ Duarte Cunha para a festa e, no início da noite, a noiva abriu a pista com o pai ao som de “Say You Love Me”, dos Simply Red, uma canção que ele lhe mostrou há muitos anos.

As fotografias ficaram a cargo do Rodrigo Costa Duarte, da Prism, e o vídeo da Kika Magalhães.

Por fim, partilho o conselho que estes noivos deixaram para quem está a organizar o seu casamento, e que eles próprios seguiram: "Sempre que surgia uma ideia, uma escolha ou a possibilidade de contratar alguém, perguntavamos se seria mesmo necessário. Temos consciência de que é um dia único, mas também é fácil cair na tentação de achar que tudo é essencial."