Lágrimas, Barbies & Mães Queridas
O casamento dos Godias, escrito na primeira pessoa
10.10.2024
10.10.2024
Talvez esta seja a história mais difícil de contar, por ser uma história que me pertence — não apenas a mim, mas também ao meu marido. Foi o planeamento deste casamento que me levou a criar o projeto que hoje se chama Chez Godias, traduzido para português como “em Casa dos Godias” que, para quem chegou recentemente, nasceu de um trocadilho com os nossos apelidos.
Casámos pelo civil numa quinta-feira, apenas na presença dos nossos pais, e, depois, decidimos ficar sem comunicar até sábado. Pareceu-nos um bom exercício, mas não sabemos se aconselhamos.
Preparámo-nos em casas separadas, cada um acompanhado por alguns amigos e familiares. Eu, na casa da minha mãe, e o Miguel numa casa próxima da quinta onde, mais tarde, nos reencontrámos.
Para os nossos sobrinhos, pedimos à Rita Catita que nos preparasse umas roupas inspiradas nos nossos convites.
Quanto ao vestido da minha mãe, como algumas pessoas se podem lembrar da história que partilhei no início de julho, o designer de Guimarães com quem a minha mãe estava a fazer o vestido deixou subitamente de responder a todos os contactos que tentávamos fazer. A 10 dias do casamento, desesperados e aceitando finalmente que o designer não ia mesmo responder, decidi recorrer aos seguidores da página com um pedido de ajuda. A Sofia, da Blanco aceitou o desafio e contactou-me e, em 10 dias tínhamos reunido, feito a primeira prova e conseguimos ter um vestido e capa prontos em tempo recorde!
As alianças foram feitas por encomenda na loja Gomes & Góis, no Chiado. Como o Miguel não tem o hábito de usar anéis, pedi que colocassem um diamante no interior da aliança e ofereci-lho como anel de noivado. No dia do casamento, este anel passou para a mão esquerda, assumindo agora a sua função final como aliança.
Os nossos fatos foram ambos feitos na Zebra of Portugal. No primeiro encontro, sentámo-nos com o Nuno e explicámos o que queríamos, o que não queríamos e tentámos escolher dois tecidos que funcionassem juntos. A partir daí, as provas passaram a ser individuais, e só vimos os resultados finais no dia da cerimónia.
O meu fato era cinzento, combinado com uma gravata da Mango, uns sapatos Yanko, um relógio emprestado pelo meu irmão e uns botões de punho que herdei do meu avô materno.
O Miguel optou por um fato bege, complementado com uma gravata da Zebra of Portugal, sapatos castanhos da Massimo Dutti e uns botões de punho que herdou do seu avô paterno, e que entretanto haviam sido passados para o seu tio e padrinho, emprestados para a ocasião especial.
As flores da lapela ficaram a cargo da Flores no Cais.
Enquanto nós, noivos, não chegávamos à Quinta Nova do Hespanhol, os convidados reuniam-se para uma bebida de boas-vindas e dirigiam-se ao local da cerimónia.
Depois de um jogo de escondidas para garantir que não nos cruzávamos antes do momento certo, cada um de nós subiu ao cimo do monte com a sua mãe, onde finalmente nos encontrámos.
Entraram os sobrinhos, as mães e, por fim, entrámos os dois juntos, num momento de concentração máxima para não nos esquecermos de como se respira.
A cerimónia, conduzida pelo meu tio e padrinho, contou com discursos dos nossos padrinhos e pais com direito a algumas lágrimas e risos. Terminámos com os nossos votos, sempre acompanhados por um coro formado por primos e uma amiga de infância.
À chegada ao cocktail, brindámos os convidados com um carrinho de mão com bebidas e ainda umas Barbies que davam o mote para a festa que se avizinhava, um livro de honra feito à mão por uns dos nossos melhores amigos e um carrinho de gelados.
Durante este período antes de jantar, contámos com o ritmo dos Samba Fixe, que foram bastante elogiados pelos nossos convidados.
Toda a parte gráfica, desde os convites até aos menus, incluindo o site, foi desenvolvida por mim. Durante o processo criativo, consegui convencer a minha sogra – sempre pronta a ajudar – a coser os convites dos convidados e as bolsas para colocar as flores no painel de distribuição de lugares.
A Quinta Nova do Hespanhol ficou responsável pelo catering e pela decoração, transformando em realidade as ideias que eu ia lançando durante as nossas reuniões. Aproveito para deixar um agradecimento especial à Maria Fernandes-Thomaz, que foi incansável ao longo de todo o processo, sempre disponível para atender a todos os nossos pedidos e superando as nossas expetativas.
De forma divertida, mas também como uma homenagem de carinho e agradecimento, entrámos na sala de jantar ao som da música "Mãe Querida", com dois ramos de flores para oferecer às nossas mães. Os ramos foram feitos pela Catarina Sampaio Soares e levavam uma fita bordada em ponto cruz por uma tia do Miguel.
Como lembrança para os convidados, oferecemos tote bags com cinco desenhos criados por nós, inspirados em diferentes momentos do nosso dia. De vez em quando, recebemos fotografias de amigos que as levam a passear pelo mundo fora.
Tal como muitos noivos me dizem, também nós queríamos um casamento que refletisse a nossa personalidade. Queríamos surpreender os nossos convidados durante o jantar e lembrámo-nos de convidar a Valley Dation, uma drag queen que descobrimos há algum tempo no Lisboa Comedy Club. A Valley Dation entrou ao som da marcha nupcial, anunciando com humor que também teríamos uma noiva neste casamento. Depois disso, fez o seu número de comédia e divertiu-nos um pouco antes de passarmos para o corte do bolo.
Os vinhos e o espumante Ribeiro Santo, com o qual fizemos o brinde, foram oferecidos por uma das minhas madrinhas.
Após o corte do bolo, o meu marido fez-me a maior surpresa da minha vida. Pegou no microfone e começou a contar a história de como um dia, em nossa casa, fingi pegar numa guitarra (imaginária) e fazer-lhe uma serenata daquela que se viria a tornar a nossa música: "Guarda-me Esta Noite", do Valter Lobo. Para retribuir esse gesto, o Miguel convidou o próprio Valter para cantar essa e outras músicas. O momento ficou ainda mais especial quando o microfone deixou de funcionar, e o Valter, numa atitude espontânea, formou um círculo com os convidados, criando um dos momentos mais inesquecíveis do nosso casamento.
A meio da noite, convidámos alguns "party animals", incluindo a minha avó, para se maquilharem e colocarem alguns acessórios. Quando prontos, invadimos a pista e demos início ao glitter bar, contagiando rapidamente os restantes convidados.
Para registar este dia, escolhemos o João Barnabé para a fotografia, recomendado por amigos que nos deram um feedback ótimo, e o Ricardo Calado para o vídeo, que descobrimos no instagram e que tanto nos surpreendeu.
Desde que comecei este projeto sobre casamentos, tive a oportunidade de conhecer muitos fornecedores incríveis que são verdadeiros talentos na área. O engraçado é que já tinha todos os fornecedores definidos e estava super feliz com as nossas decisões. Desde então, tenho descoberto tantas opções inspiradoras e fico muito contente por poder partilhá-las convosco e dar visibilidade a estes profissionais que fazem de cada casamento um dia único. No fundo, a beleza deste projeto é continuar a aprender e a descobrir, sempre com o objetivo de inspirar e ajudar outros casais a realizarem o seu dia de sonho!
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